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25/02/2010 19:41

  Se você ama ser do contra só porque ama ser do contra... desneure-se!

Outro dia, eu estava conversando com uma amiga minha e comentei que queria comprar uma blusa amarela. Ela disse que passa longe dessa cor porque está super na moda e que se recusa ser igual a todo mundo. Essa amiga é contra os modismos, de maneira geral, e se veste com um estilo meio hippie (ou seja, ele se veste igual a multidão que odeia modismos e se veste com um estilo meio hippie, mas tudo bem). O ponto é: por que tantas pessoas têm uma neura em serem diferentes dos demais? É tão horrível assim ser igual ou... comum?

Veja bem, não estou falando só de seguir a moda ou não. E muito menos estou dizendo que devemos seguir o que todo mundo faz sem questionar. Muito pelo contrário. Questionar a si mesma e ao mundo lá fora é uma das maneiras mais divertidas de viver, na minha opinião. É muito dinâmico respeitar nossa individualidade, rejeitar padrões que não têm nada a vem com a gente só porque são considerados “normais” e não virar uma prisioneira da opinião do próximo (os próximos são uns pentelhos, como é sabido). O problema é quando a gente deixa de fazer uma coisa só por querer se destacar, mostrar que somos únicos, especiais, diferentes, excêntricos e... ai, que trabalhão! Já fiquei cansada só de escrever isso. O que tem de legal em sair de uma prisão – ser igual – e cair em outra – precisar ser diferente a qualquer custo?

Para piorar a vida, ter essa necessidade louca de ser diferente pode deixar qualquer pessoa chata e anti-social (se você mora numa ilha, não tem que se relacionar com ninguém e pegou esta mensagem imprimida dentro de uma garrafa, desculpe!). Afinal, quer coisa mais pentelha do que alguém que não dá presente nas datas comemorativas porque elas são comerciais? Ou que só ouve a música X enquanto a banda for um grupo de 3 desconhecidos de quem quase ninguém ouviu falar? Ou que se recusa a ir àquele lugar legal aonde todo mundo vai não porque não ache o lugar legal, mas porque... todo mundo vai estar lá.

Ser comum não é tão chato assim. Tem coisas que combinam mesmo e não adianta inventar. Morango dá mais certo com chantilly do que com doce de leite. Delirar por um prato de brigadeiro e um filme bom na TV é mais divertido do que se alimentar de luz ( a autora já tentou se alimentar de luz e não obteve sucesso). É melhor ser alegre que ser triste. E, se você prefere morango com doce de leite, comer luz e ser triste, sem problemas... Mas que seja porque você quer e não porque você precisa. Porque dá para ser feliz sendo igual. Ou parecido. Até porque quem nos conhece bem não vai nos achar nem igual nem parecido com ninguém, só com a gente. E tem coisa mais gostosa do que isso?

Tem: morango com doce de leite. Tenho que admitir que eu gosto. Fazer o quê, né!

Liliane Prata.(CAPRICHO)